Olá
você que gosta e possui carabinas de chumbinho, armas de airsoft e correlatos.
Talvez não seja novidade para você, mas por definição o que você possui é uma
arma de pressão. Este post vai tentar definir adequadamente o que são armas de
pressão segundo a legislação brasileira, quais os principais tipos e princípios
de funcionamento, quais delas você encontra no mercado nacional e qual a
aplicação adequada de cada tipo. Não se trata de um compêndio final sobre o
tema, mas um conjunto de notas e observações sobre essa temática.
O
que é uma arma de pressão?
Vamos
partir do básico: a definição. Segundo a legislação vigente, por meio da
portaria Número 02 - COLOG, DE 26 DE FEVEREIRO DE 2010, “arma de pressão” é “toda
aquela cujo principio de funcionamento implica no emprego de gases comprimidos
para impulsão do projétil, os quais podem estar previamente armazenados em um
reservatório ou ser produzidos por ação de um mecanismo, tal como um embolo
solidário a uma mola.”
Considerando
esta afirmação, temos 3 (três) grandes grupos de armas que possuem este
princípio de funcionamento: as chamadas “airguns”, nossas boas e velhas
carabinas de chumbinhos; as “airsofts” que disparam esferas maciças de PVC; e
os marcadores de paintball, que disparam esferas preenchidas com tinta.
A
classificação destes 3 tipos de armas de pressão é mais facilmente realizada
considerando o tipo de projétil utilizado, a energia na boca do cano e a
finalidade idealizada para cada uma.
"Airguns"
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"Airgun" e chumbinhos |
As
“airguns” (infelizmente não encontro no momento um termo em português que possa
definir elas tão bem como esse termo em inglês...) utilizam “pellets”, ou como
dizemos aqui, “chumbinhos”, feitos de chumbo ou alguma outra liga metálica,
normalmente em formato diabolô ou esférico (ball bearing - BBs). Mais
informações sobre este tipo de projétil você encontra
aqui!!!!!. Costumam ser
armas longas, embora armas curtas como pistolas ou revolveres também existam.
Possuem canos com alma raiada, e realizam
disparo simples ou possuem algum mecanismo de repetição. Recentemente, passamos
também a ter contato com airguns semi-automáticas e até automáticas!. No
Brasil, encontramos airguns em calibre 4,5 mm, 5,5 mm e agora as recentes 6 mm
da CBC (permitidos pela legislação), embora no restante do planeta existam em
calibres maiores como o 6,35 mm (big bores). Considerando os calibres permitidos,
costumam fornecer na boca do cano energia entre 10 fpe (13 joules) a até mais
de 30 fpe (40 Joules) em calibre 5,5 mm. Claro que a energia depende do peso do
projétil e da velocidade na boca do cano. Para ilustrar, li em um fórum que uma
PCP Hatsan BT65 utilizando chumbinhos JSB Monster 25,4 grains pode alcançar 766
fps (233 m/s) e atingir a marca de 33.1 FPE (44,6 Joules)!! As airguns como
armas de pressão são utilizadas para a pratica do tiro esportivo (modalidades
olímpicas), para o tiro ao alvo (precisão papel 10 m, banchrest, etc), para
provas que simulam a caça de pequenos animais (silhuetas metálicas e Field
Target) e para própria caça em si, embora no Brasil esta atividade não seja
permitida. Em resumo, no Brasil são intencionadas para tiro em alvos (e estes devem ser inanimados!!).
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Carabina de mola-pistão |
Encontramos
a venda no mercado nacional 3 subtipos de airguns: as de mola-pistão, as PCPs (de
“pre-charged pneumatic”) e as de CO2. As duas primeiras podem ser compradas e
utilizadas “livremente”, bastando ser maior de 18 anos. As airguns de CO2 somente
são encontradas em algumas lojas e vendidas apenas para possuidores de CR.
As
airguns de mola-pistão são de longe o tipo de arma de pressão com a qual o
brasileiro tem a maior familiaridade. Todos conhecem as “espingardas de
chumbinho de quebrar o cano” (na verdade, carabinas!). Nestas, o ato de “quebrar
o cano” permite que: 1) o chumbinho possa ser municiado diretamente no cano (chamá-las
de “espingardas” veio desse procedimento!); 2) um pistão dentro de uma câmara
seja movimentado, pressionando-o contra uma mola e prendendo-o pelo mecanismo
de disparo (pense no embolo de uma seringa sendo recuado dentro da mesma!).
Após estas duas ações, o cano pode novamente ser “fechado” e a carabina esta
pronta para o disparo. Ao liberar-se o pistão por meio do mecanismo de disparo,
o ar contido na câmara é comprimido e então expelido por uma pequena abertura
(novamente, a seringa!!), devidamente alinhada com o cano. Pronto, temos o
disparo, com o ar comprimido impulsionando o projétil! Estas armas costumam ter
velocidades iniciais na boca do cano abaixo de 305 m/s (velocidades sub-sônicas),
sendo típico valores entre 180 m/s e 260 m/s. O alcance útil deste tipo de
carabina costuma ser da ordem de 20 a 30 metros. Uma característica marcante
desse tipo de arma de pressão é a vibração (e coice) do conjunto durante
disparo, gerada pelo movimento do pistão e pelo impacto com o interior da
câmara.
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Kit PCP: carabina, bomba manual e cilindro de recarga |
Nos
modelos PCP, o ar é pré-comprimido e armazenado em um reservatório na própria arma
de pressão. Este ar pré-comprimido pode vir de um sistema de bomba manual ou
pode ser transferido de outro reservatório por meio de conexões apropriadas (um
cilindro de mergulho, por exemplo). O mecanismo neste caso faz a liberação da
uma pequena porção do ar armazenado por meio de uma válvula-piloto, que é
utilizado em cada disparo para impulsionar o projétil. Como não existem peças
móveis, este tipo de arma de pressão não apresenta vibração, sendo ideal para
tiros de precisão. Além disto, a pressão de ar contida pelo cilindro costuma
ser maior do que a obtida pelos mecanismos de mola-pistão (a exceção das
carabinas de mola-pistão do tipo “magnum”), o que resulta em uma maior
velocidade inicial na boca no cano (podendo atingir velocidades supersônicas) e
uma conseqüente maior energia transferida ao projétil. Isto tem impacto direto
no alcance, sendo possível para as PCPs alcançar distâncias de até 100 metros
ou mais com razoável acurácia e precisão. Estas armas podem ser monotiro (necessário
municiamento manual, tiro a tiro) ou de repetição, onde existe um tambor
giratório ou outro mecanismo, acionado por alavanca ou outros meios, que “arma”
o sistema de disparo e posiciona um novo projétil a cada tiro. Nos modelos mais
recentes (e mais caros), esse sistema de municiamento é semi-automatico e até
automático (nestes casos, a arma também possuem um sistema elétrico acoplado a
um motor que faz a movimentação do mecanismo de municiamento).
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Carabina Walther replica da Winchester ´92 - Detalhe mostra o cilindro de 88 gramas de CO2 |
Por
fim, os modelos a CO2 possuem funcionamento similar às PCPs. No entanto, além
do uso de reservatório próprio, as armas de pressão deste tipo podem utilizar
reservatórios descartáveis com 12 gramas ou 88 gramas de CO2, acoplados a
mesma. O CO2 é um gás com uma pressão de trabalho mais baixa que a obtida pelo
ar atmosférico em PCPs. Portanto, embora estas armas de pressão também não
tenham vibração no momento do disparo, elas possuem velocidade inicial, alcance
útil e energia menores em relação às PCPs. O alcance util da minha Shark CO2 em calibre 5,5 mm é da ordem de 30 metros, por exemplo. Aqui encontramos armas longas e
curtas e creio que a principal demanda por esse tipo de equipamento vêem justamente
das pistolas à CO2. Estas são muitas vezes copias licenciadas de armas de fogo
reais (escala 1:1), e são muito utilizadas nos EUA para pratica de “plinking” que
é o tiro ao alvo informal, para diversão entre amigos ou família (o famoso “tiro
a lata”). Encontramos também armas longas a CO2 com capacidade de repetição como
rifles de diversos modelos em calibre 4,5 mm principalmente. Outro fato é que
estas são uma boa oportunidade para coleção pois encontramos modelos famosos
reproduzidos em CO2 como as cópias das carabinas Winchester e sub-metralhadora H&K
MP5, entre outras. No entanto, no Brasil, armas de pressão à CO2 só podem ser
adquiridos por pessoas autorizadas pelo Exercito Brasileiro (CR).
"Airsofts"
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Carabina M4 de airsoft |
As “airsofts”
(novamente não encontro termo melhor...) também são armas de pressão como as “airguns”
e possuem hoje basicamente dois princípios de funcionamento: são de mola-pistão
ou são à gás (CO2, propano, green gás, red gás, HFC134, entre outros). Os
principais diferenciais destes tipo de arma de pressão em relação às suas irmãs
mais velhas repousam sobre seu formato, o tipo de munição utilizada, energia e
sua finalidade. As airsofts nasceram com a proposta de serem réplicas em escala
1:1 de armas reais. Inicialmente idealizadas para adestramento, seu principal emprego
hoje está na prática de um esporte de ação que possui o mesmo nome – AIROSFT.
Neste, pessoas buscam realizar operações militares simulando combates e
situações de enfrentamento. Tipicamente divididos em times, realizam missões e
cumprem objetivos pré-estabelecidos de um enredo fictício (conquista de
território, transporte de V.I.P., etc.) no que se chama de MILSIM (Simulação
Militar). Desta finalidade, deriva a constatação imediata que as airsofts são
utilizadas para realizar disparo contra pessoas durante a pratica deste
esporte.
Decorre deste fato que estas
armas de pressão possuem especificações bastante claras e rígidas quanto a
energia na boca do cano, velocidade inicial e tipo de projétil de forma a não
machucar os participantes durante os enfrentamentos. As airsofts utilizam
primariamente um projétil do tipo esférico (BBs) feito de PVC, com gramatura
entre 0,12 gramas e 0,80 gramas e são projetadas para não oferecerem mais que 2
Joules de energia na boca do cano (o termo “soft” deriva deste fato!). Isto garante
segurança contra machucados durante os jogos (embora seja indispensável o uso
de óculos de segurança e vestimenta apropriada). Como o projétil é esférico, os
canos não são raiados, normalmente. É utilizado outro mecanismo para
estabilizar a trajetória do projétil, chamado de “hopup”,que faz com que a BB
adquira um movimento de rotação (“Spin”) em torno de seu próprio eixo quando
disparada.
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Kit AEG: Carabina M4 eletrica, batarias e carregador bivolt |
As
armas de pressão do tipo airsoft possuem 3 grandes subgrupos: as armas do tipo “springer”,
as “Automatic Electric Guns” (AEGs) e as armas à gás. As “springers” são armas
do tipo mola-pistão onde o mecanismo é “armado” e a BB alimentada no cano de
forma manual, por meio de recuo de um ferrolho ou alavanca. Assemelham-se em
princípio de funcionamento as carabinas de mola-pistão. Os modelos do tipo AEG
são também armas de pressão de mola-pistão com a diferença que o sistema de disparo
e a alimentação das BBs são acionados por um motor elétrico alimentado por um
conjunto de baterias recarregáveis. Graças a isso, tais armas de pressão
conseguem emular o funcionamento de armas reais, possuindo a possibilidade de
disparo semi-automático e automático. Por ultimo, temos as airsofts à gás, onde
os mecanismos de disparo e de alimentação das BBs são acionados pelo gás
contido em um reservatório (tipicamente este reservatório fica no carregador ou
instalado na própria arma de pressão), em uma ação parecida com a que ocorre em
armas de fogo reais, onde parte dos gases são reaproveitados para a ciclagem do
mecanismo. Este gás também é utilizado para propulsionar as BBs de forma a
permitir o disparo. As armas curtas de airsoft em sua maioria são a gás, sendo
a menor fatia ocupada pelas armas curtas elétricas (Automatic Electric Pistol –
AEP). Recentemente, as armas longas passaram também a ter como propelente o
gás, ganhando com isto maior realismo em seu funcionamento, com “cliques e
claques” do mecanismo em ação além do recuo (pequeno...) agora presente.
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Pistola M9 de airsoft |
As
armas curtas a gás encontram emprego em outra atividade esportiva: o tiro
prático com airsofts. Devido a fidelidade da reprodução (escala 1:1!), estas
podem ser utilizadas para adestramento de atiradores com a vantagem do custo
reduzido com insumos (gás e BBs são bem mais baratos que munição real!). Em países
onde o uso de armas de fogo é proibido para civis (Ásia e parte da Europa por
exemplo), as airsoft são mesmo utilizadas em substituição às armas de fogo para
a pratica de provas de tiro prático do tipo IPSC, Steel Chalange, entre outras.
Aqui no Brasil, esta modalidade é inexistente mas em um futuro próximo creio
que poderá ser um esporte praticado abertamente devido ao interesse do
brasileiro por esportes de ação. Como ocorre com as airguns, as airsofts de
mola-pistão (manuais ou elétricas) tem venda e uso liberado no país e as
propulsionadas a gás tem venda e uso limitados aos portadores de CR.
Marcadores de Paintball
O
ultimo tipo de arma de pressão é o marcador de paintball. Estes equipamentos
são tipicamente armas à gás CO2 ou a ar atmosférico pré-comprimido (que nessa
modalidade é chamado de “High Pressure Air” – HPA). Não existe sistema de
mola-pistão para esse classe de armas de pressão. O principal diferencial em
relação aos tipos anteriores está no projétil: uma esfera de material sintético
preenchida com tinta. São utilizados para a pratica de um esporte de ação
chamado de “Paintball”, onde os praticante também simulam situações de enfrentamento
em campos (Speed) ou em área aberta (Cenário ou Real Action). Em função do
calibre e também do propelente (no caso do CO2), armas de pressão de paintball
também precisam de CR para ser adquiridas e utilizadas. No entanto, embora a
legislação seja clara, existe uma complacência com relação aos marcadores,
campos e correlatos. Em particular, paintball é uma área onde meu conhecimento
pessoal é escasso. Por isso, vou tomar a liberdade de tomar emprestado o
conhecimento de outros redatores!!
“...As
armas usam um gás expansivo, como Dióxido de Carbono (CO2) ou ar comprimido,
para impulsionar os projetes através do cano. Alguns esportistas chamam de
"Markers" (em português "Marcadores"). O termo deriva do
uso original da arma, marcar árvores e gado. A velocidade máxima da bola no
cano da arma chega a 90 m/s, ou 320 Km/h. Mesmo sendo possível atingir
velocidades acima dos 90 m/s, isso foi considerado inseguro pela maioria dos
campos de Paintball pelo mundo. Os carregadores (recipiente que armazenas as
bolas de tinta) ao chamados de “Hoppers”. São a única maneira de um jogador de
Paintball manter sua arma carregada, assim como um carregador é para um Rifle.
Com algumas exceções, Hoppers são montados acima da arma e comumente usam
apenas a gravidade para jogar as balas para dentro do cano. Sendo assim, se virados
de cabeça para baixo, Hoppers param de carregar os Marcadores.
As
bolas de paintball são cápsulas esféricas de gelatina contendo, principalmente,
Polietilenoglicol, outras substancias não tóxicas e dissolvidas em água, alem
de tinta. As balas são feitas com materiais comumente encontrados em comida. Elas
são comestíveis, mas possuem um gosto terrível. São classificadas como calibre 0.68”
(17,2 mm) mas, devido a sua suscetibilidade a fatores externos (temperatura,
umidade...) podem variar de calibre 0.67” (17 mm) até calibre 0.71” (18 mm).
Para
a pratica do esporte, é necessário o uso de equipamentos obrigatórios como a
máscara. Elas cobrem completamente os olhos, boca, ouvidos e nariz de uma
pessoa. Algumas, até, incluem proteção à garganta. As lentes são projetadas
para proteger de bolas viajando a ate 90 m/s mas não garantem proteção acima
disso.”
(Fonte:
http://aldeiapaintball.com.br/equipamentos.html)
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