quarta-feira, 29 de agosto de 2012

Guia rápido sobre Armas de Pressão



Olá você que gosta e possui carabinas de chumbinho, armas de airsoft e correlatos. Talvez não seja novidade para você, mas por definição o que você possui é uma arma de pressão. Este post vai tentar definir adequadamente o que são armas de pressão segundo a legislação brasileira, quais os principais tipos e princípios de funcionamento, quais delas você encontra no mercado nacional e qual a aplicação adequada de cada tipo. Não se trata de um compêndio final sobre o tema, mas um conjunto de notas e observações sobre essa temática.

O que é uma arma de pressão? 

Vamos partir do básico: a definição. Segundo a legislação vigente, por meio da portaria Número 02 - COLOG, DE 26 DE FEVEREIRO DE 2010, “arma de pressão” é “toda aquela cujo principio de funcionamento implica no emprego de gases comprimidos para impulsão do projétil, os quais podem estar previamente armazenados em um reservatório ou ser produzidos por ação de um mecanismo, tal como um embolo solidário a uma mola.”
Considerando esta afirmação, temos 3 (três) grandes grupos de armas que possuem este princípio de funcionamento: as chamadas “airguns”, nossas boas e velhas carabinas de chumbinhos; as “airsofts” que disparam esferas maciças de PVC; e os marcadores de paintball, que disparam esferas preenchidas com tinta.
A classificação destes 3 tipos de armas de pressão é mais facilmente realizada considerando o tipo de projétil utilizado, a energia na boca do cano e a finalidade idealizada para cada uma.

 "Airguns"

"Airgun" e chumbinhos
As “airguns” (infelizmente não encontro no momento um termo em português que possa definir elas tão bem como esse termo em inglês...) utilizam “pellets”, ou como dizemos aqui, “chumbinhos”, feitos de chumbo ou alguma outra liga metálica, normalmente em formato diabolô ou esférico (ball bearing - BBs). Mais informações sobre este tipo de projétil você encontra aqui!!!!!. Costumam ser armas longas, embora armas curtas como pistolas ou revolveres também existam.  Possuem canos com alma raiada, e realizam disparo simples ou possuem algum mecanismo de repetição. Recentemente, passamos também a ter contato com airguns semi-automáticas e até automáticas!. No Brasil, encontramos airguns em calibre 4,5 mm, 5,5 mm e agora as recentes 6 mm da CBC (permitidos pela legislação), embora no restante do planeta existam em calibres maiores como o 6,35 mm (big bores). Considerando os calibres permitidos, costumam fornecer na boca do cano energia entre 10 fpe (13 joules) a até mais de 30 fpe (40 Joules) em calibre 5,5 mm. Claro que a energia depende do peso do projétil e da velocidade na boca do cano. Para ilustrar, li em um fórum que uma PCP Hatsan BT65 utilizando chumbinhos JSB Monster 25,4 grains pode alcançar 766 fps (233 m/s) e atingir a marca de 33.1 FPE (44,6 Joules)!! As airguns como armas de pressão são utilizadas para a pratica do tiro esportivo (modalidades olímpicas), para o tiro ao alvo (precisão papel 10 m, banchrest, etc), para provas que simulam a caça de pequenos animais (silhuetas metálicas e Field Target) e para própria caça em si, embora no Brasil esta atividade não seja permitida. Em resumo, no Brasil são intencionadas para tiro em alvos (e estes devem ser inanimados!!).
Carabina de mola-pistão
Encontramos a venda no mercado nacional 3 subtipos de airguns: as de mola-pistão, as PCPs (de “pre-charged pneumatic”) e as de CO2. As duas primeiras podem ser compradas e utilizadas “livremente”, bastando ser maior de 18 anos. As airguns de CO2 somente são encontradas em algumas lojas e vendidas apenas para possuidores de CR.
As airguns de mola-pistão são de longe o tipo de arma de pressão com a qual o brasileiro tem a maior familiaridade. Todos conhecem as “espingardas de chumbinho de quebrar o cano” (na verdade, carabinas!). Nestas, o ato de “quebrar o cano” permite que: 1) o chumbinho possa ser municiado diretamente no cano (chamá-las de “espingardas” veio desse procedimento!); 2) um pistão dentro de uma câmara seja movimentado, pressionando-o contra uma mola e prendendo-o pelo mecanismo de disparo (pense no embolo de uma seringa sendo recuado dentro da mesma!). Após estas duas ações, o cano pode novamente ser “fechado” e a carabina esta pronta para o disparo. Ao liberar-se o pistão por meio do mecanismo de disparo, o ar contido na câmara é comprimido e então expelido por uma pequena abertura (novamente, a seringa!!), devidamente alinhada com o cano. Pronto, temos o disparo, com o ar comprimido impulsionando o projétil! Estas armas costumam ter velocidades iniciais na boca do cano abaixo de 305 m/s (velocidades sub-sônicas), sendo típico valores entre 180 m/s e 260 m/s. O alcance útil deste tipo de carabina costuma ser da ordem de 20 a 30 metros. Uma característica marcante desse tipo de arma de pressão é a vibração (e coice) do conjunto durante disparo, gerada pelo movimento do pistão e pelo impacto com o interior da câmara.
Kit PCP: carabina, bomba manual
e cilindro
de recarga
Nos modelos PCP, o ar é pré-comprimido e armazenado em um reservatório na própria arma de pressão. Este ar pré-comprimido pode vir de um sistema de bomba manual ou pode ser transferido de outro reservatório por meio de conexões apropriadas (um cilindro de mergulho, por exemplo). O mecanismo neste caso faz a liberação da uma pequena porção do ar armazenado por meio de uma válvula-piloto, que é utilizado em cada disparo para impulsionar o projétil. Como não existem peças móveis, este tipo de arma de pressão não apresenta vibração, sendo ideal para tiros de precisão. Além disto, a pressão de ar contida pelo cilindro costuma ser maior do que a obtida pelos mecanismos de mola-pistão (a exceção das carabinas de mola-pistão do tipo “magnum”), o que resulta em uma maior velocidade inicial na boca no cano (podendo atingir velocidades supersônicas) e uma conseqüente maior energia transferida ao projétil. Isto tem impacto direto no alcance, sendo possível para as PCPs alcançar distâncias de até 100 metros ou mais com razoável acurácia e precisão. Estas armas podem ser monotiro (necessário municiamento manual, tiro a tiro) ou de repetição, onde existe um tambor giratório ou outro mecanismo, acionado por alavanca ou outros meios, que “arma” o sistema de disparo e posiciona um novo projétil a cada tiro. Nos modelos mais recentes (e mais caros), esse sistema de municiamento é semi-automatico e até automático (nestes casos, a arma também possuem um sistema elétrico acoplado a um motor que faz a movimentação do mecanismo de municiamento).
Carabina Walther replica da
Winchester ´92 - Detalhe mostra o
cilindro de 88 gramas de CO2
Por fim, os modelos a CO2 possuem funcionamento similar às PCPs. No entanto, além do uso de reservatório próprio, as armas de pressão deste tipo podem utilizar reservatórios descartáveis com 12 gramas ou 88 gramas de CO2, acoplados a mesma. O CO2 é um gás com uma pressão de trabalho mais baixa que a obtida pelo ar atmosférico em PCPs. Portanto, embora estas armas de pressão também não tenham vibração no momento do disparo, elas possuem velocidade inicial, alcance útil e energia menores em relação às PCPs. O alcance util da minha Shark CO2 em calibre 5,5 mm é da ordem de 30 metros, por exemplo. Aqui encontramos armas longas e curtas e creio que a principal demanda por esse tipo de equipamento vêem justamente das pistolas à CO2. Estas são muitas vezes copias licenciadas de armas de fogo reais (escala 1:1), e são muito utilizadas nos EUA para pratica de “plinking” que é o tiro ao alvo informal, para diversão entre amigos ou família (o famoso “tiro a lata”). Encontramos também armas longas a CO2 com capacidade de repetição como rifles de diversos modelos em calibre 4,5 mm principalmente. Outro fato é que estas são uma boa oportunidade para coleção pois encontramos modelos famosos reproduzidos em CO2 como as cópias das carabinas Winchester e sub-metralhadora H&K MP5, entre outras. No entanto, no Brasil, armas de pressão à CO2 só podem ser adquiridos por pessoas autorizadas pelo Exercito Brasileiro (CR).   

"Airsofts"

Carabina M4 de airsoft
As “airsofts” (novamente não encontro termo melhor...) também são armas de pressão como as “airguns” e possuem hoje basicamente dois princípios de funcionamento: são de mola-pistão ou são à gás (CO2, propano, green gás, red gás, HFC134, entre outros). Os principais diferenciais destes tipo de arma de pressão em relação às suas irmãs mais velhas repousam sobre seu formato, o tipo de munição utilizada, energia e sua finalidade. As airsofts nasceram com a proposta de serem réplicas em escala 1:1 de armas reais. Inicialmente idealizadas para adestramento, seu principal emprego hoje está na prática de um esporte de ação que possui o mesmo nome – AIROSFT. Neste, pessoas buscam realizar operações militares simulando combates e situações de enfrentamento. Tipicamente divididos em times, realizam missões e cumprem objetivos pré-estabelecidos de um enredo fictício (conquista de território, transporte de V.I.P., etc.) no que se chama de MILSIM (Simulação Militar). Desta finalidade, deriva a constatação imediata que as airsofts são utilizadas para realizar disparo contra pessoas durante a pratica deste esporte.  Decorre deste fato que estas armas de pressão possuem especificações bastante claras e rígidas quanto a energia na boca do cano, velocidade inicial e tipo de projétil de forma a não machucar os participantes durante os enfrentamentos. As airsofts utilizam primariamente um projétil do tipo esférico (BBs) feito de PVC, com gramatura entre 0,12 gramas e 0,80 gramas e são projetadas para não oferecerem mais que 2 Joules de energia na boca do cano (o termo “soft” deriva deste fato!). Isto garante segurança contra machucados durante os jogos (embora seja indispensável o uso de óculos de segurança e vestimenta apropriada). Como o projétil é esférico, os canos não são raiados, normalmente. É utilizado outro mecanismo para estabilizar a trajetória do projétil, chamado de “hopup”,que faz com que a BB adquira um movimento de rotação (“Spin”) em torno de seu próprio eixo quando disparada.
Kit AEG: Carabina M4 eletrica,
batarias e carregador bivolt
As armas de pressão do tipo airsoft possuem 3 grandes subgrupos: as armas do tipo “springer”, as “Automatic Electric Guns” (AEGs) e as armas à gás. As “springers” são armas do tipo mola-pistão onde o mecanismo é “armado” e a BB alimentada no cano de forma manual, por meio de recuo de um ferrolho ou alavanca. Assemelham-se em princípio de funcionamento as carabinas de mola-pistão. Os modelos do tipo AEG são também armas de pressão de mola-pistão com a diferença que o sistema de disparo e a alimentação das BBs são acionados por um motor elétrico alimentado por um conjunto de baterias recarregáveis. Graças a isso, tais armas de pressão conseguem emular o funcionamento de armas reais, possuindo a possibilidade de disparo semi-automático e automático. Por ultimo, temos as airsofts à gás, onde os mecanismos de disparo e de alimentação das BBs são acionados pelo gás contido em um reservatório (tipicamente este reservatório fica no carregador ou instalado na própria arma de pressão), em uma ação parecida com a que ocorre em armas de fogo reais, onde parte dos gases são reaproveitados para a ciclagem do mecanismo. Este gás também é utilizado para propulsionar as BBs de forma a permitir o disparo. As armas curtas de airsoft em sua maioria são a gás, sendo a menor fatia ocupada pelas armas curtas elétricas (Automatic Electric Pistol – AEP). Recentemente, as armas longas passaram também a ter como propelente o gás, ganhando com isto maior realismo em seu funcionamento, com “cliques e claques” do mecanismo em ação além do recuo (pequeno...) agora presente.
Pistola M9 de airsoft
As armas curtas a gás encontram emprego em outra atividade esportiva: o tiro prático com airsofts. Devido a fidelidade da reprodução (escala 1:1!), estas podem ser utilizadas para adestramento de atiradores com a vantagem do custo reduzido com insumos (gás e BBs são bem mais baratos que munição real!). Em países onde o uso de armas de fogo é proibido para civis (Ásia e parte da Europa por exemplo), as airsoft são mesmo utilizadas em substituição às armas de fogo para a pratica de provas de tiro prático do tipo IPSC, Steel Chalange, entre outras. Aqui no Brasil, esta modalidade é inexistente mas em um futuro próximo creio que poderá ser um esporte praticado abertamente devido ao interesse do brasileiro por esportes de ação. Como ocorre com as airguns, as airsofts de mola-pistão (manuais ou elétricas) tem venda e uso liberado no país e as propulsionadas a gás tem venda e uso limitados aos portadores de CR.

Marcadores de Paintball

O ultimo tipo de arma de pressão é o marcador de paintball. Estes equipamentos são tipicamente armas à gás CO2 ou a ar atmosférico pré-comprimido (que nessa modalidade é chamado de “High Pressure Air” – HPA). Não existe sistema de mola-pistão para esse classe de armas de pressão. O principal diferencial em relação aos tipos anteriores está no projétil: uma esfera de material sintético preenchida com tinta. São utilizados para a pratica de um esporte de ação chamado de “Paintball”, onde os praticante também simulam situações de enfrentamento em campos (Speed) ou em área aberta (Cenário ou Real Action). Em função do calibre e também do propelente (no caso do CO2), armas de pressão de paintball também precisam de CR para ser adquiridas e utilizadas. No entanto, embora a legislação seja clara, existe uma complacência com relação aos marcadores, campos e correlatos. Em particular, paintball é uma área onde meu conhecimento pessoal é escasso. Por isso, vou tomar a liberdade de tomar emprestado o conhecimento de outros redatores!!
“...As armas usam um gás expansivo, como Dióxido de Carbono (CO2) ou ar comprimido, para impulsionar os projetes através do cano. Alguns esportistas chamam de "Markers" (em português "Marcadores"). O termo deriva do uso original da arma, marcar árvores e gado. A velocidade máxima da bola no cano da arma chega a 90 m/s, ou 320 Km/h. Mesmo sendo possível atingir velocidades acima dos 90 m/s, isso foi considerado inseguro pela maioria dos campos de Paintball pelo mundo. Os carregadores (recipiente que armazenas as bolas de tinta) ao chamados de “Hoppers”. São a única maneira de um jogador de Paintball manter sua arma carregada, assim como um carregador é para um Rifle. Com algumas exceções, Hoppers são montados acima da arma e comumente usam apenas a gravidade para jogar as balas para dentro do cano. Sendo assim, se virados de cabeça para baixo, Hoppers param de carregar os Marcadores.
As bolas de paintball são cápsulas esféricas de gelatina contendo, principalmente, Polietilenoglicol, outras substancias não tóxicas e dissolvidas em água, alem de tinta. As balas são feitas com materiais comumente encontrados em comida. Elas são comestíveis, mas possuem um gosto terrível. São classificadas como calibre 0.68” (17,2 mm) mas, devido a sua suscetibilidade a fatores externos (temperatura, umidade...) podem variar de calibre 0.67” (17 mm) até calibre 0.71” (18 mm).
Para a pratica do esporte, é necessário o uso de equipamentos obrigatórios como a máscara. Elas cobrem completamente os olhos, boca, ouvidos e nariz de uma pessoa. Algumas, até, incluem proteção à garganta. As lentes são projetadas para proteger de bolas viajando a ate 90 m/s mas não garantem proteção acima disso.”  
(Fonte: http://aldeiapaintball.com.br/equipamentos.html)

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